As sombras
Sempre me perguntei se "ser um buscador" seria mesmo algo vantajoso?
Mas, não foi do nada que montei essa dúvida na minha cabeça. Foi na clínica, atendendo milhares de pessoas nestes mais de 13 anos de atuação, que percebi o lado mais nefasto dessa insígnia "buscador".
Comecei a ver algo estranho: pessoas orgulhosas, quase que batendo no peito e se auto intitulando "buscadores". Mas, também vi a versão mais tímida (quase confundida com humildade e diligência): ''sou um buscador, sabe? Vim buscar mais''. Contudo, essas pessoas estavam mal, muito muito mal. Geralmente carregavam consigo confusão, ansiedade, angústia e um monte de informações desconexas dentro de si. Estavam "obesas mentalmente" - como diz por aí hoje em dia.
Antes de continuar o texto quero dizer que não sou contra buscar conhecimento e coisas assim. Eu mesma sou curiosa e gosto de me alimentar de livros e boa informação. Mas, sair do mental é extremamente urgente e saudável - é disso que se trata essa reflexão. Disso e de postura sistêmica, claro. Vou me explicando...
A Queixa
A queixa começa mais ou menos assim:
"Isabela, eu já entendi isso tudo racionalmente, mas não consigo sentir no coração, falta algo ainda, então vim buscar mais..."
Eu de cá fico refletindo, mas se isso continuar assim vamos ficando todos ainda mais entupidos de mais e mais informações sem sequer dar-nos tempo de processá-las. Pra onde estamos indo?
Agir x Sentir
Sabe como se processa informação? Aplicando. Praticando. Experimentando.
Mas, é abundante ver o oposto disso. Queremos sentir alguma "certeza" antes de agir. Queremos sentir. Estamos viciados em sentir. Estamos drogaditos, narcotizados, doentes. Não sei quando começamos a acreditar que primeiro deve-se sentir algo e depois sim agir. Isso paralisa. A experiência nos mostra que o inverso funciona bem melhor para quem tem consigo o propósito de fazer crescer sua alma .
Agir, primeiro. Sentir depois (lá pros 80 anos, você senta e sente, depois de realizar).
Aprender, errar, aprender, errar. Isto feito, vez por vez, faz-nos "pessoas mais experientes" e pessoas experientes tem pressentimentos em abundância. Em geral, fecham melhores contratos, fazem amizades mais sólidas. Separam joio de trigo com destreza. Pessoas experientes têm propensão à intuição (vislumbram melhor o futuro do que alguém fugido das aulas práticas). Pessoas experientes tendem a ter mais insights e são mais flexíveis, amáveis, criativas, empáticas, porque se expuseram mais à vida. Vou repetir: eles agiram, praticaram, erraram, acertaram, se alegraram, foram fazedores e não buscadores.
Quem Colhe Planta
Observando, fui percebendo que há buscadores que rapidamente se tornam entregadores: tomam e contribuem. Como diz genialmente minha professora Wilma Oliveira "quem colhe planta". Mas, infelizmente, há uma pá de buscadores que ficam paralisados e se embananam em meio a tantas opções de terapias, abordagens, jornadas, cursos, lives e etc. Nesses termos ser-buscador é um pseudomovimento. Temos a sensação de estarmos nos movimentando a passos largos, mas muito pouco acontece de fato (apesar de, pessoalmente, eu acreditar que tudo é caminho e aprendizado, há formas de ampliação do ser mais eficientes).
O Bom Mestre
O grande pulo do gato, ao meu ver, é começar a agir, pois agir, errado ou certo, vai lhe proporcionar experiência de vida. Eu sugiro fortemente que por um tempo você pare com isso de buscar nas sensações pistas de se deve ou não agir. Exemplo: ah, ainda não senti que é isso, então não vou fazer".
Sentimento não é um bom mestre. Aja.
Depois, lá na alta idade, tendo se exposto muito e angariado experiência, sua intuição poderá ser mais ouvida e seus pressentimentos também. Você terá conquistado essa habilidade de ver o que outros não veem com ampla facilidade.
Infantil x Adulto
Querer sentir segurança antes de agir é coisa de criança nos primeiros anos de vida, cuja validação externa é muito importante. A vida do jovem e do adulto tem mais a ver com riscos, erros, acertos, frustração, realização, frustração, realização.
Por isso, por vezes, ser um eterno buscador assemelha-se mais à um sintoma que uma solução de vida. É como alguém pequeno se negando, por infinitas razões, a entrar no jogo da vida adulta.
Assim, por de trás da corajosa palavra "buscador" pode se esconder o medo e a insegurança.
Buscar-Entregar
Por isso, costumo dizer aos meus clientes: torna-te árvore também!
A gente precisa se esforçar para assumir essa nova posição na vida: de buscadores a entregadores.
Veja, não estou anulando a etapa de busca, mas ela funciona em paralelo com a prática. É tudo junto!
Que toda e qualquer intenção sua possa ser direcionada a isso: buscar-entregar. Assim feito, com postura sistêmica, o resto toda tenderá a seguir bem: casamento, criação de filhos, sucesso profissional, saúde, relacionamento familiar, etc. E, quando eu digo ''tudo vai seguir bem'' eu não estou vendendo milagres e ausência de problemas. Estou dizendo que uma alma madura toma adversidade como um contravento forte e voa, flui, sabe agir melhor que alguém desavisado.
Caminhos
Procure autoconhecimento, busque caminhos, abra-se ao risco, vença seus medos e inseguranças. Vá apagando suas mágoas e acolhendo sua história, sua família de origem, seu entorno. Crie autoestima, autoconfiança e aja!
-Como, Isabela? Como se faz isso?
-Só sei de uns 4 caminhos: Terapia individual, para quem sente que precisa dum olhar de fora e de um tempo exclusivo; Terapia em grupo para quem vê vantagem em aprender com as experiências de outros também; Autodidatismo: para quem sente que consegue seguir no modo autodidata, segue o baile, compre uns livros e cursos.
-Mas e o quarto caminho, Isabela?
-O 4º caminho é tudo o que eu disse anteriormente com-ação - caso contrário, não vejo que funcionará.
É isso. Desejo-nos Ação!
LIVRO
Tenho um livro muito leve, didático e motivador que fala tim-tim por tim-tim dos muitos e ricos benefícios que essa filosofia de vida adiciona à nossa existência quando a compreendemos como estilo de vida. Compre o seu!
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